Capítulo 10
Leticia
Depois de uma semana nesse lugar, finalmente marcam o julgamento, é para amanhã, estou nervosa e ansiosa, nem sequer dormi direito a semana toda esperando ser marcado o dia. O guarda, Ramirez, que de tanto conversar comigo virou meu amigo, veio me chamar e disse que eu tenho visitas, tomara que não seja a Helena, mãe de Philip, ela nunca gostou de mim, e agora com o ocorrido ela tem ainda mais motivos para não gostar de mim. Chego na sala de visita e a vontade de dar meia volta e me trancar novamente naquela cela foi tão grande que eu só não fui, porque Ramirez estava atrás de mim, me aproximo da mesa séria e com tom irônico pergunto:
– Veio fazer o que aqui? Rir da minha desgraça? – Ela olha para mim com superioridade e arrogância, e fala sínica:
– Ah minha filhinha, não fale assim com a mamãe – Puxo a cadeira a sua frente com certa brutalidade e me sento distante da mesa e principalmente dela.
– Pare de me enrolar, Soraya. O que você quer? – Falo já sem paciência, ela respira e fala mais séria:
– Muito bem, eu vim oferecer minha ajuda e a de Bruno, sabemos da morte de Philip, e querendo ou não, você é minha filha – Levanto subitamente derrubando a cadeira, e grito muito alterada:
– EU NÃO QUERO A SUA AJUDA, MUITO MENOS DAQUELE VERME DO BRUNO, DEPOIS DE QUATRO ANOS VOCÊ APARECE SE ACHANDO A FILANTROPA E VEM OFERECER AJUDA? EU QUERO QUE VOCÊ ENFIE ESSA SUA AJUDA NO BUEIRO.
Saio da sala de visitas batendo o pé, como ela ousa vir aqui depois de seis anos e achar que eu iria aceitar a ajuda dela e daquele energúmeno? Depois de tudo que aconteceu? Eu prefiro mofar na cadeia do que aceitar a ajuda dela, e também eu ainda tenho a apartamento que era de Philip, era eu que estava pagando o aluguel, ele é tão meu quanto era dele. Chego na cela com Ramirez logo atrás de mim, assim que entro ele tranca a porta da mesma e pergunta:
– Quer falar sobre, González? – Estou muito alterada para conversar agora, eu nego com a cabeça e ele então se retira. Não sei quanto tempo se passa, eu estou apenas sentada na pequena cama, inerte ao mundo, Ramirez aparece e me oferece um chá de cidreira, para me acalmar um pouco mais, ele puxa uma cadeira do lado de fora da cela, se senta e espera que eu comece a falar, após alguns goles do chá morno, eu respiro fundo e ele pergunta:
– O que aconteceu entre você e sua mãe? – Eu não queria falar sobre isso, mas eu começo:
– Ela me traiu, traiu minha confiança, depois da morte do meu
pai tudo virou um caos – Foi tudo que eu disse, não gosto de falar sobre isso,
ele apenas ouviu, logo depois ele se retirou. O resto do dia foi tedioso,
anoiteceu rápido e logo depois fui dormir, o julgamento será bem cedo, eles
virão me buscar logo.